Conhecia apenas textos extraídos da obra A NOITE DIVIDIDA, do poeta Moçambicano Dinis Albâno Carneiro Gonçalves, cujo pseudónimo é Sebastião Alba (1940 - 2000).
Dos livros lançados em homenagem postuma, a obra ALBAS é a que estou a “consumir”. Achei melhor partilhar/servir com vossa permissão alguns textos: SABATH e JÁ PASSEI.
SABATH
Lembrei-me, então, de que Jesus andava de burro, quando o tinha; e “Che” Guevara, 1965 anos depois, a cavalo na mula, quando a tinha, enquanto em Buenos Aires, no seu próprio país natal, gajos e gajas circulavam ao volante de carros norte-americanos de luxo. Vês como nunca mais é sábado?
Não acredites nisso que eu escrevi. Basta ouvir um concerto para piano e orquestra de Mozart, (experimenta o nº 20, se puder, levo-to) e o sábado celebra-se logo, dentro de nós.
In Albas, pág. 71
JÁ PASSEI
Há, na “minha” aldeia, um homem que anda habitualmente com a mesma camisa, rasgada nas costas (eu sei que ele tem outra, mas essa é para os domingos de “ Ver-a-Deus”).
“Ó António, já viste como trazes a camisa?”.
“Dinisinho; o rasgão é atrás? Quando o virem já passei.”
E andamos nós às voltas com a literatura.
Ouvi um programa sobre escritores portugueses. Ensonando, pensei, mesmo assim, que iriam omitir alguns muito bons.
Não falharam, nas omissões.
Ora, aí está a posteridade,(sempre me intrigou, talvez seja a mais enganosa das ficções) já passámos, que importa o que digam de nós?
In Albas, pág. 72
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