Quando Komandu recebeu a sua primeira pensão, trouxera da cidade uma bola de futebol, novinha em folha, para animar os sábados do Centro de Acolhimento de Mutilados de Guerra.
No sábado seguinte, o jogo entre os Balalaza e os Valentes terminara antes dos noventa minutos. Tudo porque Fernando Coto, não Couto, entrou velozmente na grande área e deu um salto, tentando cabecear a bola para o fundo das malhas da baliza dos Babalaza.Mas, devido à escassez da sua altura, quase não conseguia chegar ao esférico. Para emendar a falta, levantou o braço amputado e, pelo Coto, enviou a bola para o fundo das redes. A bancada gritou golo, sob o apito do árbitro, que o invalidou.
- Que mão está esse gajo a apitar? Por acaso viram vocês uma mão tocar na bola? – perguntou uma voz da assistência.
- Mão é o que falta ao Fernando para levar à bola. – completou outra.
- Se tivesse mãos seria ele o nosso guarda-redes.
- Este tipo não serve para apitar nada.
- Deixa – se comprar por litro de sura!
- Surra é o que ele vai apanhar agora!
Os adeptos dos Valentes invadiram as quatro linhas, para acertar as apitadelas do árbitro, à pancada.Insatisfeitos ainda com as bofetadas dadas, meteram-no no fundo de um poço abandonado, para lavar o juízo. Coisa conseguida, pois, daí até ao final do torneio, Fernando Coto contou oito golos marcados, com o coto!
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Texto extraido da obra O GOLO QUE METEU O ÁRBITRO,
Autor Aurélio Furdela, Editora AEMO
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