setembro 17, 2005

MÃOS

Mãos

Para que servem minhas mãos que pairam
na carência de teu corpo,
como pássaros da noite, presos, eternamente,
na escuridão de instintivos e pequenos vôos,
sem qualquer esperança de visões
do horizonte acordando?
Abrem janelas, talvez buscando a surpresa
de um sorriso esquecido nas flores do jardim,
devassam momentos miniaturizados em fotografias
e bilhetes antigos,
confeitam poemas, inúteis poemas, apenas arquivos
de um computador,
e, órfãs solitárias,
buscam, uma na outra, o consolo da prece,
entrelaçando as dez razões de ser melhor assim.
Para que servem, agora, guardando carinhos
que se perderão nas dunas de lençóis desertos,
na miragem do oásis que ficou no travesseiro
em forma de perfume,
na presença da ausência?
Para que servem, afinal, se não te servem,
se não são as tuas mãos, nem mãos amigas
de tuas mãos?

3 comentários:

Soberano Kanyanga disse...

Porque nunca mais postaste nesta página?


Espero que não a deixes morrer.
Sabias que já posso ser localizado a partir dos motores de busca?

Tente no gogle ou yahoo. Procure por Soberano Canhanga

Força mano.
Aquele abraço do Atlântico
SCanhanga
Angola

Anónimo disse...

Que belo poema!!!

Por acaso sou uma "apreciadora" de mãos. As mãos dizem imenso, falam no silêncio, gritam na calmaria.

Anónimo disse...

as mãos do google me trouxeram às tuas mãos...sou escultora, gosto de esculpir a alma humana...adorei tua poesia...