abril 19, 2011

Seminários do Departamento de Arqueologia e Antropologia da UEM: sessão com Albino Jopela e Arianna Fogelman

Arianna Fogelman

Doutoranda no Departamento de Antropologia na Universidade de Boston nos Estados Unidos (BA Universidade de Califórnia, Berkeley 2002; MA Universidade de George Washington, 2005). Recebeu uma bolsa de estudo da DDRA Fulbright-Hays em 2009 para fazer a sua pesquisa no norte de Moçambique. O seu interesse académico é a alimentação e o significado cultural dos alimentos para os camponeses que praticam a agricultura de subsistência. Projectos anteriores incluem estudos de obesidade no África (disponível em Português) e artes turísticas em Ghana. Também participou na equipe que organizou um museu em Metangula (Distrito de Lago, Niassa)

Sinopse

Este apresentação apresenta os dados preliminares dum estudo realizado em Metangula entre Fevereiro 2010 e Abril 2011. Vai explorar o comportamento alimentar do povo local, com foco no impacto das crenças tradicionais de saúde, (di)gestão, força vital, temperatura, e a separação de pessoas e animais.

Albino Jopela

É Mestrado em Arqueologia (Estudos de Arte Rupestre) pela Universidade de Witwatersrand, África do Sul, estando afecto ao Departamento de Arqueologia e Antropologia da UEM, onde exerce actualmente as funções de Director do Curso de Arqueologia. A sua área de pesquisa enquadra-se nos Estudos do Património (Heritage Studies) tendo como principais áreas de interesse os Sistemas de Gestão do Património (sistema tradicional e sistema formal), Património Cultural Imóvel (arte rupestre, património urbano, paisagens culturais) e Sistema do Património Mundial. Para além da docência e investigação, tem colaborado com instituições nacionais (Ministério da Cultura) e internacionais (UNESCO) na elaboração de Planos de Gestão do Património Cultural e dossiers de candidatura para inscrição de bens na Lista de Património Mundial.

Sinopse

Em muitas partes da África Austral os sistemas formais de gestão do património não têm conseguido, por si só, garantir a protecção de sítios de arte rupestre, bem como a salvaguarda dos valores patrimoniais (algumas vezes sagrados) associados a tais sítios. As comunidades que vivem nas proximidades de sítios do património cultural têm, desde períodos históricos, desempenhado um grande papel na salvaguarda de locais com significado cultural através dos seus sistemas de custódia tradicional. Contudo, muitas vezes esses sistemas são ignoradas ou não plenamente reconhecidos pelos organismos do Estado responsáveis pela gestão do património cultural.

Esta comunicação é baseada num estudo que procura perceber se um conhecimento mais aprofundado dos sistemas de custódia tradicionais pode fornecer orientação para a adopção de métodos mais eficazes e sustentáveis para a gestão de sítios de arte rupestre, alguns dos quais imbuídos de valores sagrados. O trabalho analisa alguns sistemas de custódia tradicional na sub-região austral de África, mais especificamente, a relação destes sistemas com sítios de arte rupestre. Em Moçambique, a paisagem cultural de Vumba, no Distrito de Manica, é usado como estudo de caso e o sistema de custódia tradicional aqui existente é comparado aos sistemas dos Montes Matobo (Zimbabwe) e Chongoni (Malawi).

Numa tentativa de combinar os aspectos positivos dos sistemas tradicionais e formais de gestão do património, o autor recomenda a adopção de um modelo de gestão do património orientado pelo “pluralismo jurídico” na legislação cultural e enriquecido por uma “filosofia de cosmopolitismo”.